O Instituto Moreira Salles é uma instituição singular na paisagem cultural brasileira. Tem importantes patrimônios em quatro áreas: Fotografia, em mais larga escala, Música, Literatura e Iconografia. Notabiliza-se também por promover exposições de artes plásticas de artistas brasileiros e estrangeiros. E gosta de Cinema. Suas atividades são sustentadas por uma dotação, constituída inicialmente pelo Unibanco e ampliada posteriormente pela família Moreira Salles. Presente em três cidades – Poços de Caldas, no sudeste de Minas Gerais, onde nasceu em 1992, Rio de Janeiro e São Paulo – o IMS, além de catálogos de exposições, livros de fotografia, literatura e música, publica regularmente as revistas ZUM, sobre fotografia contemporânea do Brasil e do mundo, de frequência semestral, e serrote, de ensaios e ideias, quadrimestral.
Na conservação, organização e difusão de seus acervos, o IMS tem imensas tarefas. A Fotografia cuida de cerca de 2 milhões de imagens, dos mais importantes testemunhos do século XIX – e aqui despontam as esplêndidas imagens de Marc Ferrez – a relevantes coleções que abarcam quase todo o século XX. Nessas últimas, convém registrar nomes como os de Marcel Gautherot, José Medeiros, Maureen Bisilliat, Thomaz Farkas, Hans Gunter Flieg e Otto Stupakoff, entre outros. Em 2016, foi adquirida a coleção dos jornais do grupo Diários Associados no Rio de Janeiro, com cerca de 1 milhão de itens, e é prioridade do Instituto incorporar a seus acervos imagens do século XXI. Este formidável conjunto de coleções e obras completas dos artistas credencia o IMS como a mais importante instituição de fotografia do país.
A Música dá conta dos primórdios das gravações de canções brasileiras. A coleção está abarrotada de discos em 78 rpm, um repositório de 21 mil fonogramas, que tem como sustentáculos os inestimáveis acervos de José Ramos Tinhorão e Humberto Franceschi. Mas há também acervos de três seminais compositores que fecundam a fortuna musical brasileira – Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Pixinguinha.
Cartas, papéis, documentos diversos e livros compõem os acervos de Literatura. Arquivos pessoais de Otto Lara Resende, Erico Verissimo, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Rachel de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, Paulo Mendes Campos, entre outros, merecem a atenção de pesquisadores e enriquecem com informações valiosas o conhecimento sobre a atividade literária no país.
Pré-história da Fotografia, a Iconografia do IMS, toda ela expressa em papel (aquarelas, gravuras, desenhos), é precioso registro – 1.800 imagens – feito sobretudo por artistas viajantes que vieram para o Brasil a bordo de expedições diplomáticas ou especificamente culturais no século XIX. São destaques desta coleção as belas aquarelas do inglês Charles Landseer, que aportou aqui em 1825, e os desenhos do alemão Von Martius (Carl Friedrich Philipp), que desbravou a natureza brasileira entre 1817 e 1820.
O objetivo fundamental do IMS é difundir esses acervos da maneira mais ampla. Isso requer um ingente trabalho prévio de higienização e digitalização de imagens e sons, e sua melhor catalogação, para servir a exposições e a publicações e atender pesquisadores e outros consulentes. Mas vai além. O IMS tem aperfeiçoado e renovado seu endereço na internet (ims.com.br) para propagar de forma ágil e gratuita seus acervos e sua programação.
Além do site institucional, o IMS abriga também mais de uma dezena de endereços virtuais, como a Rádio Batuta, com programas especiais e streaming 24h, os sites dedicados a Pixinguinha, Clarice Lispector e Ernesto Nazareth, o Correio IMS, com cartas de personalidades brasileiras, e o Blog do IMS, uma revista digital de cultura com conteúdo exclusivo. As revistas ZUM e serrote também contam com sites próprios.
A ideia de Walther Moreira Salles de criar uma instituição cultural sem fins lucrativos germinou e tomou corpo em relativamente pouco tempo. Para fincar alicerces e dar fisionomia ao IMS, foi indispensável o trabalho de Antônio Fernando De Franceschi, primeiro superintendente, que dirigiu o IMS por quase 16 anos. Instalado em Poços de Caldas, o primeiro Centro Cultural do IMS conta com um pavilhão com 1.000 m² de área expositiva e um chalé de traço italiano. No Rio, o IMS ocupa a casa que foi residência da família Moreira Salles na Gávea. Marco da arquitetura moderna dos anos 1950, a casa, projetada por Olavo Redig de Campos, é cercada por exuberante jardim planejado pelo paisagista Roberto Burle Marx no terreno de 11 mil metros quadrados.
Agora o IMS projeta-se para o futuro com novos desafios. O primeiro deles foi a inauguração, em setembro de 2017, de uma nova e portentosa unidade do instituto na avenida Paulista, importante corredor cultural de São Paulo. Desenhado pelo escritório de arquitetura Andrade Morettin, o novo centro cultural tem amplos espaços expositivos, um cinema/auditório, além de uma biblioteca de referência em Fotografia, salas de aula, espaços para cursos workshops, restaurante… Além de elevar as ambições do IMS no campo das exposições de Fotografia e Artes Plásticas, o prédio de sete andares leva para São Paulo atividades que já marcam a vida do centro cultural do Rio de Janeiro, como mostras de cinema, palestras, cursos e shows musicais.
Amealhando, organizando e difundindo conhecimento desde sua fundação, o IMS quer também gerar conhecimento a partir de seus acervos. Nesse sentido, tem procurado estabelecer convênios e intercâmbios com universidades, brasileiras e estrangeiras, e com outros museus. Pesquisa é meta a ser seguida. Memória está em quase tudo o que o IMS faz. Ser guardião do passado é missão das mais nobres. De um passado que não fique estagnado, mas que seja também fundamental para entender o presente e enfrentar o futuro. Na melhor inspiração de sua história, o IMS quer construir legados culturais. É a isso que vem se devotando.
Flávio Pinheiro, superintendente executivo
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