A sarcopenia, por estar relacionada a elevados índices de mortalidade em pessoas idosas e de elevação do risco de quedas e fraturas, acaba por afetar a qualidade de vida da pessoa idosa.

Em colaboração com Fernanda Belem Lopes de Meneses e Jaitiom Garcia de Paula


Em 1988, Rosenberg propôs o termo “sarcopenia” [do grego sarx (carne) e penia (penúria)]. A Sarcopenia é caracterizada por perda progressiva e generalizada de força e de massa muscular (European Working Group on Sarcopenia in Older People EWGSOP-2, 2018).

Considerada como um grave problema, por estar relacionada a elevados índices de mortalidade em pessoas idosas e de elevação do risco de quedas e fraturas, acaba por afetar a qualidade de vida da pessoa idosa. Sua presença pode resultar em fragilidade, incapacidade e associação com várias doenças como a osteoporose, doença cardíaca, doença respiratória e transtornos cognitivos.

A redução de força muscular começa, do ponto de vista fisiológico, ou seja, um processo normal e que caracteriza o envelhecer da espécie humana, entre os 30 ou 40 anos, diminuindo 1,5% ao ano a partir dos 60 anos e 3% nos anos seguintes. Como resultado, nos idosos, a força muscular pode ter um decréscimo de 20-50%. Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), cerca de 15% dos brasileiros têm sarcopenia a partir dos 60 anos de idade, chegando a 46% após os 80 anos.

Por mais que a sarcopenia seja associada ao envelhecimento, seu desenvolvimento pode começar mais cedo na vida, e acredita-se que muitos fatores estejam implicados. Desta forma, os autores destacam que pode existir uma sarcopenia primária, desencadeada pelo próprio processo fisiológico de envelhecer, e uma secundária, relacionada a presença de determinados fatores chamados de risco.

Destes, o principal é o sedentarismo. A diminuição da força e do número de fibras musculares é mais evidenciado em pessoas com estilo de vida sedentário em comparação com pessoas que são fisicamente mais ativas. O sedentarismo pode ser consequência do estilo de vida da pessoa, mas também pode encontrar-se relacionado a situações de repouso prolongado como, por exemplo, grande período que uma pessoa permaneça acamada. A nutrição também desempenha importante papel, com destaque para o uso de medicamentos que podem interferir na absorção de nutrientes essenciais para a formação de proteínas, por exemplo, ou a presença de desnutrição.

Outras teorias que tentem explicar a sarcopenia destacam a importância das fibras nervosas e da genética, além do próprio ambiente social. Este último, quando associado a fatores de desgaste relacionados a um mau envelhecer, podem desencadear ou potencializar o desencadeamento de sarcopenia.

Algumas doenças, quando presentes, podem, por sua própria ação, estarem associadas ao aparecimento de sarcopenia, tais como insuficiência renal crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica, câncer, infecções e insuficiência cardíaca congestiva.

A perda de massa e força muscular é diversa entre os indivíduos, tanto por questões biopsicossociais associadas à saúde e a um bom envelhecer, mas, também, por influência do nível de atividade física de cada pessoa.

Mas a sarcopenia é passível de prevenção. A prática de exercícios físicos, principalmente de resistência, e a melhora da ingesta calórica e de proteína são fundamentais, tanto para a prevenção quanto para o tratamento.

Referências

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Foto destaque de Alexavier Rylee Cimafranca no Pexels

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