Nunca é demais relembrar e destacar alguns pontos que contribuem para nossa saúde cerebral, pois envelhecer é respeitar a dignidade da pessoa idosa.

Em 2017 publiquei aqui no blog considerações sobre um artigo da Universidade de Harvard que trazia seis questões que normalmente passam desapercebidas e que propiciam um bom envelhecer. Estas são questões e decisões que devemos ter ao longo da vida e que nos auxiliam a pensar em um envelhecer com qualidade de vida, mantendo ao máximo nossa autonomia e independência.

De lá para cá, várias matérias que trouxe no blog se refeririam a temas correlacionados a estas decisões, mas também houve várias conversas sobre um bom envelhecer cerebral, assunto transversal às seis decisões postas pela Universidade de Harvard e que tem se destacado a cada dia na literatura médica.

Hoje retomarei de forma suscinta algumas destas matérias, trazendo oito recomendações feitas pela Fundação Pasqual Maragall, fundação espanhola voltada para a qualidade de vida das pessoas idosas, e que tratam do envelhecimento saudável do cérebro humano. Algumas já até destacamos em matérias que versaram somente sobre estes temas, mas, como mencionei, gostaria de destacar como uma síntese.

A preocupação que permeia estas recomendações é um bom envelhecer cerebral e se relacionam com alguns hábitos de vida que se relacionam com a plasticidade cerebral e a manutenção da autonomia. A Fundação destaca a importância que as denominadas Síndromes Demenciais, hoje também denominadas de Transtornos Cognitivos Maiores, vem tendo em termos de acometimento às pessoas que envelhecem no mundo, a ausência de um tratamento eficaz para estas enfermidades (as quais permanecem sem cura) e a preocupação com evidências científicas que demonstram que “o que é bom para o coração, o é também para o cérebro” (Fundação Pasqual Maragall).

Desta forma, o estilo de vida vem ganhando a cada dia mais destaque como sendo um fator ou de proteção para um bom envelhecer cerebral ou de desgaste, associando-se à possíveis enfermidades neurodegenerativas como a Doença de Alzheimer.

Deve-se destacar que as doenças neurodegenerativas são consideradas doenças multifatoriais, isto é, são desencadeadas por múltiplas causas em somatória, nem todas bem conhecidas, e que a abordagem dos estilos de vida parece apontar para alguns destes fatores, denominados modificáveis. Muitos destes pontos são destacados também pela Organização Mundial de Saúde como sendo importantes para um bom envelhecer.

1) A primeira recomendação trata da adoção de uma dieta mediterrânea, baseada em azeite de oliva, vegetais, frutas, cereais, evitando-se ao máximo o uso de sal, açúcar, gorduras de origem animal e alimentos processados.

2) O controle da Hipertensão Arterial é a segunda recomendação, destacando a necessidade de manter níveis pressóricos adequados.

3) A terceira diz respeito ao uso do tabaco e à utilização excessiva de bebidas alcoólicas. Estes são dois pontos importante a serem destacados, pois estão na gênese de variadas doenças crônicas. Assim, o parar de fumar e o controle da ingestão de álcool são fundamentais.

4) Cuidar da obesidade, colesterol e diabetes, pois além de seguir uma dieta balanceada, deve-se realizar exames médicos pertinentes e periodicamente.

5) Sobre a atividade física, se preconiza a caminhada rápida por 30 minutos todos os dias ou outro exercício feito de forma moderada.

6) Cuidar do bem-estar emocional, tendo um propósito de vida e reconhecendo que há sim depressão e ansiedade que acometem as pessoas que envelhecem, é crucial. Necessitar de auxílio para manter nosso bem-estar psíquico não é uma vergonha. Reconhecer que temos problemas e procurar lidar com eles junto com a equipe de saúde é substancial para um bom envelhecer cerebral. Aqui, como no item anterior, também se destacam as práticas integrativas.

7) Manter a atividade intelectual, com leituras, jogos, mas, principalmente, com a aprendizagem de algo novo estimula muitíssimo a plasticidade cerebral e é um bom fator de proteção.

8) Por fim, deve-se sempre cultivar as relações, mantendo-se ativo socialmente e mantendo e/ou construindo novas redes.

Quis destacar estas recomendações, pois penso que nunca é demais relembrar e destacar alguns pontos que contribuem para nosso longeviver, mas acrescentando que a pessoa idosa é um sujeito de direitos, aos quais deve ter acesso à saúde cerebral, e que, quando se nega ou dificulta este acesso, muitas destas recomendações não podem ser seguidas, mesmo que assim se deseje. Acima de tudo, devemos lembrar que envelhecer é respeitar a dignidade da pessoa idosa.

Referências
Fundación Pasqual Maragall – Ocho recomendaciones clave para mantener el cerebro sano.
https://www.health.harvard.edu/staying-healthy/6-ways-you-can-prepare-to-age-well

Foto destaque de Alex Green/Pexels

FONTE: PORTAL DO ENVELHECIMENTO
https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/oito-recomendacoes-para-manter-a-saude-cerebral/